'Era o bebê ou eu', conta mulher que optou pelo nascimento do filho

08/01/2014 13:23

“Foi um milagre de Deus”. É assim que a copeira Maria Nazaré Reis de Araújo, de 33 anos, resume a história do pequeno Victor Araújo Costa, de um ano e três meses, que nasceu prematuro com 600g e atualmente, pesa seis quilos.

Maria Nazaré conta que Victor se alimenta sem o leite materno e engatinha pelo chão em busca dos primeiros passos, mas a história de superação começou ainda na gestação. Ela que é mãe de duas meninas, de 17 e 15 anos, engravidou apesar de acreditar que tinha feito laqueadura [método de esterilização feminina]. “Fiz a cirurgia de períneo e laqueadura em 2009 e só depois que tive neném que descobri que não tinha operado”, relembra. Em busca de informações, Maria Nazaré descobriu que o prontuário médico não indicava a realização do procedimento quando foi internada em 2009, o que acreditava que faria.

Maria Nazaré e Victor assim que ele deixou o hospital (Foto: Arquivo Pessoal)Maria Nazaré e Victor assim que ele deixou o
hospital (Foto: Arquivo Pessoal)

Com gravidez de risco, aos 31 anos, devido a problemas de placenta e pressão alta, Maria teve que sair de Gurupi para Goiânia para fazer o acompanhamento da gestação. “Com 24 semanas eu internei e com 28 semanas, como a pressão estava muito alta, a médica pediu autorização para tirar a criança, porque era o bebê ou eu. Aí deu sorte e ele sobreviveu”, conta, dizendo que a médica tinha dito que o neném tinha 1% de chances de sobreviver.

Victor nasceu em setembro de 2012, no Hospital Materno Infantil, em Goiânia, onde ficou na UTI, depois foi para o Hospital Gavarelo, em Aparecida de Goiânia. Ao todo, foram três meses de internação e, quando teve alta, já estava com 1,9 kg. “Mesmo assim, o médico não autorizou eu voltar para Gurupi porque ele tinha que fazer uma cirurgia de hérnia e tinha que esperar ganhar um pouco mais de peso”, relata Maria. A cirurgia foi em agosto e, em setembro de 2013, a copeira, as filhas e o pequeno Victor voltaram para o Tocantins.

“Quando eu voltei no hospital e a médica que fez o meu parto viu ele, ela chorou porque achava que ele não iria sobreviver. Ela chamava ele de ‘cisquinho’”, relembra.

Vida nova
Em Gurupi, Maria conseguiu um emprego de copeira no Hospital Regional da cidade, onde recebe R$ 772 por mês, e foi contemplada com uma casa popular, pela qual paga R$ 27,50 por mês. Ela trabalha entre 14 e 22h e, mesmo com a ajuda das filhas, tem dificuldades para cuidar de Victor por causa do emprego.

Victor com sete meses de idade (Foto: Arquivo Pessoal)Victor com sete meses de idade
(Foto: Arquivo Pessoal)

“Ele sempre fica doente e não tem como colocar ele na creche. Tem o pulmão fraco e sempre que adoece precisa levar ao médico”, diz ela, acrescentando que apesar de ter mais de um ano, Victor precisa de cuidados porque ainda é muito bebê. A criança também faz fisioterapia para fortalecer a musculatura das pernas.

Para poder ficar mais perto do filho, Maria está tentando construir o muro de sua casa, assim ela poderia cuidar de Victor e de outras crianças, já que no bairro, segundo ela, não tem creche e muitas mães precisam de babás. “Eu cuidaria de outras crianças e ganharia também o meu dinheiro.”

Mas enquanto o muro não fica pronto, a mãe de Victor se alegra ao ver o filho e lembrar de todas as dificuldades enfrentadas para que a criança sobrevivesse. “É uma felicidade. É um presente de natal para o resto da vida.”


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