Após 4 horas, manifestação contra aumento da tarifa de ônibus termina
Terminou por volta das 22h desta quinta-feira (13) o protesto contra o aumento da tarifa de ônibus no Centro do Rio. Até as 20h45 a manifestação era pacífica, no entanto, houve confronto quando manifestantes sentaram no cruzamento das avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. Até as 22h45, pelo menos 18 pessoas foram detidas, embora a polícia não confirmasse o número oficialmente. Na 5ª DP (Gomes Freire), para onde foram levados dois dos manifestantes, um grupo ficou na porta da delegacia à espera dos companheiros.
Durante o protesto, a Tropa de Choque da Polícia Militar utilizou bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Em resposta às bombas, manifestantes jogaram flores nos agentes policiais.
O estudante Philippe Brissant de Andrade Lima, de 19 anos, foi atingido no olho por uma bala de borracha. De acordo com o advogado do jovem, André de Paula, Phillipe foi levado para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde passa por exames.
“Ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha levado um tiro de bala de borracha na cabeça. Ainda não consegui nenhuma informação aqui no hospital. Me disseram apenas que ele está no centro cirúrgico”, disse Cristiane Brissant, mãe do jovem, acrescentando que ele faz um curso de computação na Rua do Rosário, no Centro, onde ocorreu a manifestação. Os pais do rapaz não souberam informar se o jovem estava apenas passando pelo protesto quando foi atingido ou se estava participando do ato público.
“Ele foi baleado pela polícia numa atitude de vandalismo. Isso é um abuso de autoridade”, diz André de Paula.
Os manifestantes também atearam fogo em papéis, entulho e em pilhas de lixo que estavam nas calçadas. Pedras foram jogadas em janelas de bancos, estabelecimentos comerciais e de pontos de ônibus.
Um policial civil que estava em frente a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA), que fica próxima a Central do Brasil, foi atacado por manifestantes, que tacaram pedras e coquetel molotov. O agente conseguiu se desvencilhar dos ataques, e não se feriu.
“Eu estava tentando acalmar as pessoas e o cara me joga um coquetel molotov. Isso não é manifestação pacífica”, disse o policial, que preferiu não se identificar.
Pouco antes das 21h, a Avenida Presidente Vargas foi interditada nos dois sentidos, na altura da Avenida Rio Branco. No mesmo horário, a Avenida Presidente Antonio Carlos também permanecia fechada, no trecho da Avenida Almirante Barroso. Policiais militares e técnicos da Coordenadoria de Engenharia e Tráfego (CET-Rio) orientavam os motoristas.
Às 21h33, o tráfego na Avenida Presidente Vargas, no sentido Candelária, foi liberado. Já o sentido Central do Brasil continuava interditado.
De acordo com o Centro de Operações, às 21h55 todas as vias foram liberadas e não havia nenhum ponto de bloqueio.
Às 21h28, a tropa do Batalhão de Choque de Choque da PM avançou com bombas de gás para conter os manifestantes, em direção à Central da Brasil. Além de escudos e armas não letais, os policiais estão com cães para dispersar o tumulto.
Policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia) seguraram os manifestantes na esquina da Avenida Presidente Vargas na esquina com a Rua Uruguaiana. O Batalhão de Choque entrou pela Presidente Vargas e jogou bombas de efeito moral em direção da própria polícia. Agentes avançaram com a ajuda de cães e dispararam tiros de bala de borracha contra o grupo que participava do protesto. Às 21h10, a cavalaria da Polícia Militar chegou ao local, colaborando para dispersar o grupo, que seguiu em direção à Central do Brasil.
Aumento
A tarifa aumentou de R$ 2,75 para R$ 2,95 no dia 1º de junho. Segundo a PM, às 19h havia 2 mil pessoas no ato, que começou na Igreja da Candelária com destino à Cinelândia. Até esse horário, o ato era pacífico e não havia detidos. No entanto, às 19h50, um homem levou uma pedrada. Por volta das 20h, um grupo pichou na fachada da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) "R$ 2,95, não". O grupo também pichou "Fora, Cabral" nas pilastras da Alerj.
Acessos fechados do Metrô
As entradas do Metrô Rio pela Avenida Chile e do Convento de Santo Antônio, da estação Carioca, chegaram a ser fechadas, assim como os das ruas Santa Luzia e Pedro Lessa e do Theatro Municipal na Cinelândia. Às 21h, apenas a Estação Uruguaiana tinha acessos fechados, com entrada e saída apenas pela Rua Senhor dos Passos.
Começo da confusão
Depois do Batalhão de Choque dispersar os manifestantes na Avenida Presidente Vargas usando bombas de efeito moral e disparando balas de borracha, o estudante Bruno Sued, de 23 anos, contou que a confusão foi iniciada por um grupo de cerca de 20 manifestantes.

"A maioria foi pacífica, mostrando a cara. Mas esses que vieram de máscara, casaco preto e bandeira vermelha é que começaram a confusão. A gente estava conversando com a polícia, eles jogaram pedras e coquetel molotov na direção dos policiais. Fizeram a maior barbárie. E nós somos contra isso", disse o jovem.
Reforço no policiamento
A PM reforçou o efetivo na região, segundo o comandante do 5º BPM (Praça da Harmonia), Sidney Camargo À 20h, a assessoria de imprensa da PM informou que 100 homens do 5º BPM estavam no local, além de 120 do Choque.