Após quase quatro horas, termina protesto no entorno do Maracanã

17/06/2013 12:56

Conflitos foram registrados na frente do estádio e na Quinta da Boa Vista.
De acordo com a Polícia Militar, seis manifestantes foram detidos.

 

Luís Bulcão, Mariucha Machado e Vicente Seda Do G1 Rio

Confronto entre polícia e manifestantes no Rio (Foto: Luciana Whitaker/Reuters)PM joga bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes no Rio (Foto: Luciana Whitaker/Reuters)

Terminou por volta de 18h40,  o protesto contra o aumento da tarifa de ônibus e os gastos com a Copa do Mundo nas ruas do entorno do estádio do Maracanã. Depois de deixarem a Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, após negociação com a polícia, os manifestantes seguiram para a Rua Mata Machado na tentativa de retornar para a frente do estádio. No entanto, eles desistiram sem que fosse necessária nova ação da polícia.

Dois enfrentamentos foram registrados na tarde desde domingo (16): o primeiro na frente do Maracanã e o segundo na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte, assustando e provocando correria em quem aproveitava o domingo na área de lazer. Muitos sofreram com os efeitos do gás lacrimogêneo lançado pela polícia contra os manifestantes.

De acordo com balanço divulgado pela Polícia Militar, seis manifestantes foram detidos. A estimativa oficial divulgada pela PM é de que o protesto reuniu cerca de 600 manifestantes.

Após uma negociação com a polícia, os manifestantes começaram a sair da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, em grupos, por volta das 16h50. Com as mãos para o alto, os últimos manifestantes deixaram o parque às 17h10. "Obrigado por nos deixarem vivos", diziam eles para a polícia, na saída do parque.

Na porta da 18ª DP (Praça da Bandeira), a chefe da Polícia Civil, Marta Rocha, conversou com manifestantes e garantiu que quatro detidos levados para a delegacia foram liberados em menos de 20 minutos. Segundo a polícia, não havia comprovação da participação deles no protesto.

 

"Disse a eles [manifestantes] que a delegada só fala a verdade. Desde às 10h, estou percorrendo as delegacias para garantir o atendimento das pessoas", afirmou Marta Rocha, acrescentando que uma mulher foi presa em flagrante por desacato à autoridade e levada para a 20ª DP (Vila Isabel).

Um camburão do Batalhão de Choque chegou à 18ª DP levando outros três manifestantes. Até às 17h50, não havia informação se eles ficariam detidos ou não.

 

Os manifestantes seguiram para a Rua Ibituruna, uma das vias de acesso à Avenida Maracanã. Eles protestam contra o aumento da tarifa de ônibus e os gastos públicos com a Copa do Mundo. Na semana passada, outros dois protestos terminaram em confronto no Centro do Rio.

Tumulto no parque
A confusão na Quinta da Boa Vista aconteceu depois do Batalhão de Choque dispersar parte dos manifestantes do entorno do estádio do Maracanã com bombas de efeito moral e balas de borracha, apesar do protesto ter sido pacífico.

 

Os integrantes da manifestação seguiram, então, para a Rua Almirante Baltazar, em São Cristóvão, que chegou a ficar interditada na tarde deste domingo (16). O local é próximo à estação de São Cristóvão, um dos acessos para quem vai ao Maracanã.

Por volta das 16h10, houve novo confronto. Policiais do Batalhão de Choque atacaram os manifestantes, mesmo sem terem sido agredidos. Para liberar a via ao trânsito, novamente, eles jogaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam balas de borracha.

O estudante de Tecnologia da Informação, Cauê Maia, de 25 anos , foi atingido por uma bala de borracha e afirmou que irá prestar queixa. "Se a gente for violento, se iguala a eles. Eu vou na delegacia agora dizer que fui agredido pelo poder público. O que eu ia dizer se eu tivesse sido violento?", disse o jovem, acrescentando que não atacou os policiais.

Pânico e correria
Parte dos manifestantes correu para dentro da Quinta da Boa Vista, parque utilizado como área de lazer pelos cariocas, principalmente aos fins de semana. A polícia jogou bombas de efeito moral dentro da Quinta, assustando quem estava no parque. Famílias que faziam piqueniques saíram correndo em busca de abrigo.

Cecília Souza, de 23 anos, foi atingida por uma bala de borracha no braço (Foto: Vicente Seda/G1)
Cecília Souza, de 23 anos, foi atingida por uma
bala de borracha no braço (Foto: Vicente Seda/G1)
 

Um grupo de 50 pessoas (entre homens, mulheres e crianças) celebrava uma festa de aniversário no parque, quando foi surpreendido pela manifestação que continuou na área de lazer. O auxiliar administrativo Sérgio Machado, de 40 anos, estava na festinha com o filho de 8 anos e a mulher.

Segundo ele, as crianças entraram em pânico quando manifestantes correram para dentro da Quinta da Boa Vista e a polícia reprimiu com gás de pimenta e bombas de efeito moral. "Isso é um absurdo. As crianças ficaram desesperadas. Estávamos comemorando um aniversário e acontece isso", lamentou Sérgio.