Cubanos do programa 'Mais Médicos' chegam ao Tocantins

14/09/2013 19:17
Esta é a segunda vez que cubanos vêm trabalhar no Estado.
Na primeira vez, eles foram acusados de curandeirismo.

Médicos cubanos chegam ao Tocantins (Foto: Jesana de Jesus/G1)

Os médicos cubanos que vão atuar no Tocantins pelo programa Mais Médicos, do governo federal, chegaram em Palmas na tarde deste sábado (14). São 18 médicos, sendo que dois são brasileiros formados no exterior. Eles ficarão em Palmas por uma semana e no dia 23 seguem para os municípios, onde irão atuar.

Segundo a integrante da coordenação do programa, Miraci Astun, os profissioanis vão passar por um processo de integração em Palmas. "Este período de sete dias é para eles conhecerem a realidade dos municípios, como funciona a atenção básica e as equipes de Saúde da Família."

Os médicos vão atender em 11 municípios e em um Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). Seis cidades irão receber  dois profissionais cada uma. Elas são: Arraias, Santa Rosa do Tocantins, Caseara, Recursolândia, Esperantina e Sampaio. Já os municípios de Maurilândia do Tocantins, Goiatins, Ponte Alta do Bom Jesus, Buriti do Tocantins, Carrasco Bonito e o Distrito Sanitário Especial Indígena, em Palmas, vão receber um profissional cada.

Iasel Pereira Perez veio com os outros 17 médicos para atuar no Tocantins. Ela disse que nunca veio ao Estado, mas está curiosa para conhecer a região. Ela tem nove anos de profissão e já trabalhou em outros países, como a Bolívia. Iasel diz que a língua não é problema e que está preparada para enfrentar as diferenças históricas, culturais e sociais entre o Brasil e Cuba.

A médica afirma ainda que os problemas estruturais das unidades de saúde do interior não a preocupam. "A força de trabalho somos nós. Nós fomos formados diferentes de outros profissionais, primeiro vem a solidariedade", diz ela.

Sobre o fato de ter que destinar parte do salário para Cuba, Iasel demonstra não se preocupar. "Nosso salário vai ficar em Cuba para ajudar nosso país, os profissionais de lá e contribuir para o desenvolvimento tecnológico do sistema de saúde".

Estes 18 profissionais não serão suficientes para suprir a demanda de médicos no Tocantins, segundo a Secretária de Saúde do estado, Vanda Paiva. "Um total de 73 municípios pediram mais médicos, mas acredito que até o final do ano vamos suprir a nossa necessidade".

O médico Ângel Lemos, de 40 anos, diz que chegou com esperança de ajudar o povo do Tocantins e que quer trabalhar em parceria com outros médicos. "Eu trago alegria para o povo do Tocantins. Meu coração está grande e quero trabalhar para o povo que precisa."

Outra vez no Tocantins
Esta é a segunda vez que médicos cubanos vêm trabalhar no Estado. Em 1997, desembarcaram 96 profissionais na capital para atuar em 42 municípios. Eles vieram para atuar no programa Saúde da Família, que estava sendo introduzido pelo Estado naquela época, já que os médicos tocantinenses não tinham interesse em trabalhar no interior ganhando um saláro de R$ 4,5 mil.

O Programa foi uma parceria do governo do Tocantins com o de Cuba. Mas, em 2005, a Justiça Federal do Tocantins, a pedido do Conselho Regional de Medicina, rescindiu os contratos de trabalho dos médicos no estado, alegando que eles não tinham o Revalida para atuar no Tocantins. Na decisão, o juiz Marcelo Albernaz, comparou o trabalho destes médicos ao curandeirismo.

A decisão da justiça causou um incidente diplomático. O presidente de Cuba, Fidel Castro, se irritou com a comparação, preferiu não recorrer da decisão e ordenou que os médicos retornassem para o país.

Ariel Diaz Garcia, de 45 anos, que veio para trabalhar no Estado pelo programa conseguiu permanecer no Brasil porque constituiu família.

Ele lembra que também tinha que destinar parte do salário para Cuba. "Foi uma época de muitos desafios profissionais, poucos recursos e muita coragem." Pelo trabalho recebia R$ 2,5 mil do município e R$ 4,5 mil do estado. Metade do dinheiro ficava com o governo cubano, que repassava à família dele no país 492 pesos cubanos (atualmente, em torno de R$ 1,2 mil).

Fonte: G1


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