Mãe que procura filho há 26 anos quer delegacia para desaparecidos

06/11/2013 11:25
Zulmira esteve, em Brasília, em encontro sobre enfrentamento à violência.
Ela foi convidada pela Presidência da República e representou o estado.

Zulmira que encontrar o filho e criar um grupo de mães que buscam por justiça (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Formar um grupo de mães que lutam por justiça e se empenhar para que seja criada uma delegacia especializada para investigação de pessoas desaparecidas. Esses são os objetivos da professora Zulmira Cardoso, mãe de Sérgio Leonardo, que desapareceu em 28 de setembro de 1987, com um ano e oito meses, na cidade de Porto Nacional.

Em busca do filho há 26 anos, Zulmira participou na quarta-feira (30), do encontro “Diálogos Governo-Sociedade Civil: Agenda de Enfrentamento à Violência nas Periferias Urbanas”, que aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença de ministros ligados aos direitos humanos e a promoção e igualdade racial. Ela foi convidada pela Presidência da República para representar o estado.

“Meu filho era uma criança e a obrigação do estado era assegurar o direito do meu filho desaparecido. Aqui no Tocantins existe várias pessoas desaparecidas e não existe uma união”, diz a professora, que lembra que em Porto Nacional, há 12 desaparecidos.

Segundo ela, uma delegacia especializada, pode contribuir para que casos, como o do desaparecimento do filho dela, sejam resolvidos. “É inadmissível um país, que tem 27 estados e, em somente três estados da federação, existem uma delegacia especializada”, ressalta.

O resultado da reunião vai ser divulgado em dezembro, numa nova audiência em Brasília. A professora, representando as mães do Tocantins, já tem uma conversa agendada com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ela também vai cobrar da Secretaria Nacional de Segurança Pública a reabertura do processo sobre o desaparecimento do filho dela.

Além de participar desse encontro, em Brasília, Zulmira esteve, em agosto desse ano, em uma audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados destinada a investigar o tráfico de pessoas no Brasil.

Investigação
Ainda em agosto, a polícia estadual deu início a uma investigação paralela. Foi feita uma progressão de envelhecimento, com uma imagem de como Sérgio Leonardo estaria hoje. Os pais também colheram amostras de DNA pra compor um banco de dados nacional.  E a polícia internacional também investiga a legalidade da adoção de uma criança brasileira na Itália.

“Independente dessa investigação da Itália, se não for o de ser meu filho, eu não vou parar, eu vou continuar a procurar o meu filho e vou reencontrar com a graça de Deus, diz Zulmira.

O caso
Sérgio Leonardo desapareceu quando brincava com parentes. Na época, foi feito um registro na delegacia e a família iniciou a investigação. O inquérito foi reaberto em 1991 e arquivado 17 anos depois. Conforme apuração, o empresário Pedro Izar Neto foi o acusado de raptar a criança junto com três funcionários. Ele tinha terras na cidade, desde 1982, e vendeu a propriedade nove meses depois que foi denunciado por um dos cúmplices. Pedro Izar já foi ouvido pela CPI, em São Paulo, e negou participação no sequestro.

Fonte: G1