Nove meses para um acordo de paz israelo-palestiniano
Secretário de Estado dos EUA anuncia prazo para as negociações entre israelitas e palestinianos. "Não temos muito tempo".
"Não há realmente muito para falar", brincou o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, no início do jantar que na segunda-feira juntou israelitas e palestinianos para as primeiras conversações formais desde 2010. Kerry anunciou que espera que os dois lados cheguem a acordo num prazo de nove meses. "Não temos muito tempo", sublinhou.
As primeiras discussões centraram-se em questões como o formato, calendário e localização das negociações. Ficou marcada uma segunda reunião dentro de duas semanas, a ter lugar em Israel ou na Palestina.
Ontem, os representantes israelitas (Tzipi Livni e um conselheiro do primeiro-ministro) e palestinianos (Saeb Erekat e um conselheiro do presidente) foram recebidos, na Casa Branca, pelo Presidente, Barack Obama.
Kerry tinha pedido a ambos os lados que refreassem as declarações públicas sobre as negociações. No entanto, tem havido discórdias públicas desde logo sobre o timing e a sequência das discussões - Israel quer todas as questões faladas ao mesmo tempo, os palestinianos querem começar com fronteiras e segurança. E ainda na segunda-feira, Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestiniana, falou de uma das suas expectativas para um acordo: "Numa resolução final, não vemos a presença de um único israelita - civil ou soldado - no nosso território."
Mas Kerry não desanima. "Se fosse fácil, já o teríamos feito há muito", concluiu.
Vozes pessimistas sublinham os perigos, em especial a oposição interna de ambos os lados: os colonos em Israel (qualquer concessão territorial determinará a oposição de um partido na coligação do Governo e assim a sua queda) e o Hamas no poder na Faixa Gaza. Mas também há vozes optimistas, dizendo que toda a turbulência no mundo árabe e o desejo dos líderes deixarem a sua marca na História poderá levar a resultados.