Para Dilma, DOI-Codi e embaixada brasileira são tão distantes quanto céu e inferno

28/08/2013 08:05
Presidente lamenta que vida de senador boliviano tenha sido colocada em risco

A presidente Dilma Rousseff criticou nesta terça-feira (27) a operação que trouxe para o Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina. Segundo ela, os países têm a obrigação de proteger seus asilados, garantindo a segurança e a integridade física deles. “Lamento que um asilado brasileiro tenha sido submetido à situação que este foi. Um Estado democrático e civilizado a primeira coisa que faz é proteger a vida e garantir a segurança dos seus asilados”, afirmou.

Dilma negou que as condições em que o senador estava abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz fossem precárias. Ao justificar a operação, o diplomata Eduardo Saboia, principal articulador da operação, alegou razões humanitárias. Saboia chegou a comparar a situação do senador à da presidente Dilma, quando esteve presa durante o regime militar.

"Eu estive no Doi-Codi, eu sei o que é o Doi-Codi, e asseguro a vocês, é tão distante o Doi-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso", disse a presidente a jornalistas no Congresso Nacional, após participar de cerimônia em que recebeu o relatório da CPI sobre a violência contra a mulher.

Dilma foi militante de esquerda durante o regime militar brasileiro (1964-1985), foi presa e torturada pela repressão do regime. O Doi-Codi era o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna, órgão de repressão do regime militar.

Senador que fugiu da Bolívia cancela ida ao Senado após queda de Patriota

A presidente criticou a decisão assumida pelo encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, de retirar o senador da embaixada brasileira sem salvo-conduto, e disse que a situação colocou a vida do boliviano em risco.

O Brasil concedeu asilo político a Roger Pinto, um crítico do presidente boliviano, Evo Morales, em meados de 2012, mas as autoridades bolivianas não deram ao senador um salvo-conduto necessário para que ele saísse do país.

Diplomata responsável pela fuga de senador boliviano faz ameaça à chancelaria brasileira

O senador deixou a Bolívia na sexta-feira (23) a bordo de um carro da embaixada brasileira, que percorreu 1.500 km até cruzar a fronteira, sem o conhecimento das autoridades bolivianas.

"Não tem nenhum fundamento acreditar que é possível que um governo, em qualquer país do mundo, aceite submeter a pessoa que está sob asilo a risco de vida", disse.

— Se nada aconteceu, não é a questão, poderia ter acontecido. Um governo não negocia vida, um governo age para proteger a vida.

Comissão que vai apurar fuga de senador boliviano é nomeada

O episódio provocou uma crise diplomática com o governo boliviano, que condenou a fuga do senador, e resultou na queda do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota.

— Nós negociamos em vários momentos o salvo-conduto e não conseguimos. Lamento profundamente que um asilado brasileiro tenha sido submetido à insegurança que esse foi. Lamento, porque um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que faz é proteger a vida, sem qualquer outra consideração.

Fonte: R7


Crie um site grátis Webnode