Quadrilha de mulheres tenta aplicar golpe em prefeitura do Tocantins

24/01/2014 11:14

Para o secretário Willian Soares Ferreira golpe já pode ter sido aplicado em outras prefeituras (Foto: Monique Almeida/G1)Para o secretário Willian Soares Ferreira golpe já
pode ter sido aplicado em outras prefeituras
(Foto: Monique Almeida/G1)

Uma denúncia feita ao G1 no início da tarde desta quarta-feira (22), revelou um esquema de golpes aplicados nas administrações municipais. Em Pedro Afonso, região nordeste do Tocantins, uma suposta oficial de justiça de São Paulo ligou para a prefeitura no último dia 15, informando sobre uma liminar que bloquearia todas as contas bancárias da gestão, caso uma dívida com uma empresa chamada EB Telefônica não fosse paga.

Segundo informações da mulher, que atendia pelo nome de Maria Vitória, uma carta precatória emitida em 2012 teria sido entregue na sede da gestão, no mesmo ano. "Quando ela me disse que havia enviado a carta precatória para a prefeitura eu percebi que tinha alguma coisa errada. Porque esse tipo de documento é enviado primeiro aos fóruns", disse o secretário de Planejamento e Modernização da Gestão de Pedro Afonso, Willian Soares Ferreira.

Desconfiado, o gestor pediu para ver a liminar. A suposta oficial enviou para ele por e-mail uma cópia do documento, o número do código de barras para pagamento e ainda passou o número de telefone de São Paulo de uma suposta juíza, Drª Fernanda, que seria responsável pelo processo. "Depois de receber o documento percebi que haviam erros grosseiros, inclusive de português. No fim dizia: sem mais para o momento. Nunca vi decisão da justiça finalizar o texto assim", explica.

No texto da falsa liminar era cobrada uma dívida de R$ 19.877,00 referente a serviços de empresas de telecomunicação. Ao ligar para a tal juíza o secretário foi informado de que deveria pagar 50% da dívida, a fim de evitar o bloqueio das contas bancárias da prefeitura. "Eles são muito organizados, fui atendido por uma recepcionista, parecia que era de verdade mesmo." Após constatar que tudo não passava de um golpe, o gestor fez a denúncia na Polícia Federal e na Polícia Civil.

"É um esquema muito bem bolado. Quem não tem o costume de lidar com esse tipo de situação é um alvo fácil para os golpistas. Por isso vim para tornar esse caso público. É uma forma de alertar as outras prefeituras e também a população", declara.

Saiba identificar o golpe

Não se usa o brasão da república nos ofícios emitidos pelos tribunais de justiça (Foto: Monique Almeida/G1)Documento falso usava o brasão da república, o
que não acontece nos ofícios emitidos pelos
tribunais de justiça (Foto: Monique Almeida/G1)

G1 enviou a falsa liminar para o Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). Conforme informações da juíza auxiliar da presidência, Silvana Parfieniuk, após analisar o suposto documento do Tribunal de Justiça de São Paulo, alguns detalhes podem comprovar a fraude. Além dos erros grosseiros de português, o documento traz o brasão da república, que é usado somente por instituições federais.

Além disso, a falsa liminar não traz a informação do número de telefone do referido tribunal. "Há erros também com as terminologias jurídicas, sendo que despacho, decisão e sentença são distintas e não sinônimas. O juiz também não define data para cumprimento de liminar e sim prazos", informou a juíza.

Ela explica que o Bacenjud é um sistema totalmente eletrônico, usado pelo magistrado para o bloqueio de valores no sistema bancário. Por isso não se utiliza de ofício para o Banco Central, sendo feito diretamente pelo sistema.

O TJTO orienta que em caso de dúvida a pessoa pode procurar o fórum da cidade onde mora, além do Ministério Público e Defensoria Pública.

Erros de português em falsa liminar ajudaram a identificar o golpe (Foto: Monique Almeida/G1)
 

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