Suspeita de mandar matar grávida vai se apresentar à polícia, diz advogado
Roberta Dias desapareceu em abril do ano passado, em Penedo.
Mãe do suposto namorado da jovem é suspeita no crime.
O advogado Leonardo de Moraes, que defende a mulher identificada como Meirijane, apontada pela Polícia Civil como mandante do assassinato da estudante Roberta Dias, que sumiu em abril do ano passado em Penedo, informou que sua cliente deve se apresentar até terça-feira (17). Segundo ele, não há motivos para que a Meirijane seja suspeita nesse caso.
Para a polícia, a mulher mandou matar a estudante porque ela estava grávida de seu filho e recusou fazer um aborto. Sobre essa acusação, Moraes diz que houve uma conversa entre Meirijane, Roberta e sua mãe, mas que em nenhum momento a estudante foi ameaçada. “Inclusive, durante a conversa, que foi amigável, Roberta falou que já havia comprado o remédio para aborto, por isso, não havia motivos para uma ameaça”, diz.
O advogado diz que sua cliente só ficou sabendo da acusação pela imprensa e que ela não e foragida porque nunca foi procurada. “Ela possui duas residências fixas e não recebeu nenhum mandado de prisão. O único motivo dela se apresentar e para esclarecer as denúncias. O inquérito do caso não foi concluído e acredito ”, fala.
Segundo as investigações, Meirijane teria pago R$ 30 mil para que cinco pessoas, entre elas dois policiais civis, matassem a jovem. “Ela é uma dona de casa e vive apenas da renda do marido. Não teria como a família dispor desse dinheiro e isso pode ser provado. Diferente do que foi divulgado pela polícia, ela não conhecia nenhum dos outros suspeitos e não tem parentesco com o policial civil Idalino”, argumentou Moraes.
O advogado conta que Meirijane prestou depoimento somente no dia 13 de abril de 2012 e nunca mais foi chamada pela polícia. Ele também fala que ainda não havia sido comprovado que o adolescente filho da suspeita era o pai do bebê que Roberta esperava. “Eles nem chegaram a namorar”, fala.
Elucidação do caso
Roberta Dias estava grávida de três meses quando sumiu, no dia 11 de abril do ano passado, depois de sair de casa para ir ao médico, no centro da cidade. Dois policiais civis, identificados como Gledson Oliveira da Silva, 33, e Carlos Bráulio Idalino, 38, que trabalharam em Penedo e atualmente estavam e Coruripe e Arapiraca, respectivamente, estão presos suspeitos de participação no desaparecimento da jovem grávida.
Um terceiro policial, identificado como Carlos Welber, 34, foi preso nesta manhã durante a operação em Penedo, mas não por participação neste crime, e sim por tráfico de drogas. A polícia prendeu ainda um homem conhecido como “Dido Som” e, há alguns dias, outro conhecido por “Neguinho do Pedro Melo”. Segundo o delegado, o "Dido Som" seria dono do carro que levou Roberta no dia em que ela desapareceu.
Lima contou que uma testemunha do caso, identificada apenas por Sérgio Bento, teria visto Roberta entrar no veículo. O homem foi assassinado alguns meses após o crime. Dessa morte, o delegado disse que são suspeitos o policial Oliveira e uma pessoa identificada como Bira.
Em uma entrevista a uma emissora de rádio de Maceió, o secretário de Estado da Defesa Social, Dário César, lamentou o envolvimento de policiais no caso. "Foi um crime bastante fútil, matar uma pessoa de 18 anos só porque ela estava grávida. O crime chocou toda a população e eu fico bastante consternado e triste com o envolvimento de policiais no crime. Dói cortar a própria carne prender esses policiais, mas é pelo bem de Alagoas", afirmou Dário César.
Após o desaparecimento da jovem, um adolescente de 17 anos foi investigado pela polícia porque testemunhas contaram que ele seria o pai do bebê que a estudante esperava. Ele e a família teriam pressionado Roberta para que fizesse um aborto, mas, segundo a polícia, o adolescente disse em depoimento que mudou de ideia e que assumiria o filho após exame de DNA.
Deic assume investigações
Desde que Roberta desapareceu, a família divulgava fotos com apelos nas redes sociais para descobrir seu paradeiro. Até uma recompensa foi oferecida para quem pudesse dar alguma pista. A mãe da jovem contou que chegou a fazer dois exames de DNA para serem comparados ao material genético de corpos que tinham características semelhantes à Roberta.
A polícia apreendeu os computadores usados pela estudante e pelo namorado dela, além de pedir a quebra do sigilo telefônico da jovem. O delegado Rubens Natário, titular de Penedo, ficou responsável pelo caso até março deste ano, quando foi encaminhado para a Deic, que também estava responsável pela análise do material.
O delegado disse, na época, que o caso foi encaminhado para a Deic por causa da falta de estrutura da delegacia distrital. Segundo ele, as investigações não apontaram pistas para o desaparecimento. Por isso, a análise do computador e das ligações telefônicas seriam importantes, mas a estrutura da delegacia não iria permitir que o caso tivesse a atenção necessária.
Fonte: G1